Uma homenagem ao meu avô Anselmo

Cadê meu chapéu!

25/05/2011 00:00

Uma vez, teve um baile lá na Baixa Grande, no Gregório Tranqüilo. Ele também tocava um pouco, mas era sem vergonha pra danar! Gostava de aprontar!

E ele me falou: Anselmo, sabe o que vou fazer ? Você está vendo esse monte de chapéu ! É de quem está lá dançando no baile. Vou apanhar todos eles, vou colocar no pilão de café e sentar o pilão neles!

- É mesmo!! Então vou pegar o meu e colocar bem longe.

- Pode pegar o seu porque você é um homem certo, gente boa, eu gosto de você. Apanha logo aí seu chapéu! E não fala nada não, não diga que fui eu.

Eu peguei e coloquei em outro canto. E não é que ele sentou o pilão nos chapéus tudo! Tinha até chapéu bom de palhinha!

Quando o baile acabou, chegou o povo para pegar o chapéus. 

- Cadê meu chapéu?

- E o meu também?

- Cadê?”

E eu: O que houve?

- Meu chapéu sumiu.

- O meu também.

- O meu também.

Só o meu chapéu estava lá.

- Bom, o meu eu prendi na cerca lá fora bem longe, vocês estão vendo? ele está lá!

- É.

 Até que foram ver os chapéus tudo lá no pilão, e foi aquela confusão!

- Quem foi que fez isso?

- Olha, quem apanhou meu chapéu e pôs no pilão vai ter que me pagar!

- Ah, vai pagar sim. Quem foi que foi esse miserável ?

E alguém disse: Sabe quem foi ? Foi o dono da casa, o Gregório, aquele rapaz que fez isso.

- Ah, mas ele vai me pagar!

No baile tinha um soldado e tentou resolver a situação.

- Ele é o dono da casa?

- É.

- Eu vou falar com ele, mas se ele não quiser pagar chapéu nenhum, não posso fazer nada, vocês se viram com ele.

E foi, conversou e voltou.

- Tá difícil! Vocês não vão querer confusão com o dono da casa, é!?

E sabe o que eles fizeram? Todos foram embora sem chapéu. Que filho da mãe!

Anselmo Favarato