Domênico (também chamado de Domingos) nasceu em 1842, nesta pequena cidade da foto, a comuna de Casier à margem do Rio Sile, no coração da província de Treviso, região de Vêneto na Itália.
Maria Luigia e Domênico
Casou-se em 1865 com Maria Luigia Biscaro e, tiveram dez filhos, sete meninos e três meninas. Meu avô contava que toda a família veio para o Brasil e que depois dois filhos acabaram indo para a América do Norte, entretanto, eu encontrei registro somente da volta para Itália da filha Carlotta, e no site do Arquivo Público Estadual consta o desembarque do casal e apenas nove filhos, seis meninos e três meninas:
Regina Augusta, 22 anos
Vicenzo, 20 anos
Frederico, 16 anos
Desiderio, 15 anos
Eugênio Umberto, 14 anos
Carlotta, 12 anos
Elena Genoveffa, 11 anos
Ettore Giovanni, 9 anos
Giovanni Luigi, 7 anos.
E encontrei no site Family Search uma lista que incluía um filho ainda mais velho que a Regina, chamado Giuseppe, e que não consta na lista de desembarque do Arquivo Público Estadual.
Então ficou uma dúvida: tiveram dez ou nove filhos?
Meu avô contava que a família era pobre e passava por dificuldades na Itália. Contava:
Na Itália, minha nona trabalhava de empregada numa pensão. A velha dona da pensão a mandava para o tanque fazer faxina e de repente dizia:“Várda o que eu achei, um cordão!” E mostrava pra ela.
Mentira! Era a própria velha que colocava o cordão ali e fingia que achava pra testar a honestidade da nona. Ás vezes colocava até dinheiro bem a vista pra ver se ela ia roubar, mas minha nona percebia tudo.
Até o dia em que a velha reconheceu que ela era mesmo muito honesta: “Essa mulher é muito boa, sabe que eu vou fazer uma cesta bem bonita pra ela.”
Fez uma cesta cheia de comidas e deu para nona. A velha dona da pensão passou a gostar muito da nona e sempre dava a cesta de comidas para ajudar a criar os dez filhos pequenos. E assim eles sobreviviam na Itália até o dia que resolveram vir para o Brasil.
Vieram sem nada, eram só as roupas e mais nada.
Nessa época, a Itália passava por grande crise, com altas taxas de desemprego, fome e desigualdades sociais. Exemplo disto é esta resposta de um italiano para o Ministro de Estado da Itália no século XIX:
"Que entendeis por uma Nação, Senhor Ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco. Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho. Criamos animais, mas não comemos a carne. Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa Pátria? Mas é uma Pátria a terra onde não se consegue viver do próprio trabalho?"
E porque a Itália estava desse jeito? vamos saber um pouco dessa história...