Uma homenagem ao meu avô Anselmo

O Brasil no século XIX

03/05/2011 00:00

Aqui no Brasil crescia a luta para acabar com a escravidão. Em 1850 foi proibido o tráfico negreiro e a mão-de-obra escrava começou a escassear, e ao mesmo tempo o café atingia seu auge de produção. Em 1878, 10 anos antes da abolição da escravatura, os cafeicultores pressionavam o governo a fim de facilitar a vinda de imigrantes europeus para o trabalho nas lavouras. Portanto, foi a abolição da escravatura em 1888 e também a necessidade de colonização de regiões praticamente desabitadas do país que incentivaram a imigração para o Brasil, substituindo o trabalho escravo pelo trabalho assalariado de imigrantes estrangeiros.

Conhecendo essa história, sempre me perguntei: porque então não aproveitaram a presença dos negros alforriados que já estavam no Brasil? Pois muitos escravos foram simplesmente entregues à própria sorte. É sabido que muitos negros libertos saíram das fazendas para procurar trabalho nas cidades, mas muitos historiadores dizem que isto aconteceu em pequena escala pois vários fazendeiros fizeram acordos com os escravos fazendo com que ficassem trabalhando na mesma fazenda com direito a pequenos salários, casa e comida, e de procurarem outra ocupação quando quisessem. Não sofreram mais castigos físicos, mas não houve com os negros, um regime de trabalho de colonato como aconteceu com os imigrantes europeus.

Segundo esse regime, cada família de imigrantes – considerados colonos – recebia com a colheita, um pagamento de acordo com a quantidade de café colhido e entregue ao proprietário da terra. E o mais importante era a permissão dada aos colonos de cultivarem seus produtos, dos quais tinham o direito de dispor livremente, inclusive para vender. E assim, com anos de trabalho, mesmo com todas as dificuldades, as custas do suor do trabalho, a maioria conseguiu adquirir suas próprias propriedades.

Essa expectativa de progresso e enriquecimento não foi dada ao negro no Brasil... claro que devido ao interesse no "branqueamento" da população.

No século XIX imperava entre a elite branca do Brasil o pensamento de que o brasileiro, composto em sua grande maioria por escravos, negros e mestiços, era incapazes de desenvolver o País. O fato era que o governo pretendia embranquecer os brasileiros através da miscigenação com os imigrantes europeus.

Veja o que diz site wikipedia sobre a política de "branqueamento" do país

“No final do século XIX, houve no Brasil a disseminação de conceitos de superioridade racial. O pensamento científico brasileiro da época adotou “teses científicas” de darwinismo social e eugenia racial para defender o branqueamento da população como fator necessário para o desenvolvimento do Brasil. A elite social e política brasileira, que era majoritariamente branca, passou a considerar como certo que o país não se desenvolvia porque sua população era, em sua grande maioria, composta por negros e mestiços. A imigração não era considerada somente um meio de suprir a mão-de-obra necessária na lavoura, ou de colonizar o território nacional coberto por matas virgens, mas também com meio de "melhorar" a população brasileira pelo aumento da quantidade de europeus.”

Apenas europeus eram considerados civilizados o suficiente para imigrarem para o Brasil. Tanto que, em 1890, o decreto n° 528 determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia dependeria de uma autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. O problema foi que em 1902, o governo da Itália proibiu a imigração subsidiada de italianos para o Brasil e, então, o governo brasileiro teve que revogar o decreto e passou a aceitar a entrada dos imigrantes japoneses.

É bom ressaltar que a política de imigração italiana no Espírito Santo foi um pouco diferente de outros estados brasileiros, por se tratar de uma província que ainda tinha uma ocupação territorial incipiente e reduzido número de habitantes. Por isso, o imigrante não veio substituir o trabalho escravo, mas povoar o então desabitado território. Dessa forma, foram criados núcleos de imigração subvencionados pelo governo, onde os imigrantes não eram apenas colonos, mas tiveram acesso à propriedade da terra.

Na região norte do Espírito Santo, a grande maioria dos imigrantes chegaram por intermédio da “Expedição Tabacchi”, como ficou conhecido o projeto de colonização da região de Santa Cruz organizado por Pietro Tabachi, um italiano aventureiro (caloteiro mesmo), que já estava aqui desde 1851 fugido dos seus credores de Trento na Itália. Esse é um dos episódios mais controvertidos da história da imigração italiana no Espírito Santo.