Meu pai tinha um cachimbo italiano com um canudo comprido que vinha bem embaixo onde tinha uma arruelazinha para colocar o sarro de fumo.
Um dia estávamos trabalhando no cafezal roçando assim por cima - porque meu pai plantava mandioca no meio do café - e eu vi uma cobra atravessada em cima do canudo do cachimbo.
Varda uma cobra!! - E rapidamente meu pai matou a cobra.
Minha nossa mãe!! Se você não vê, ela me picava e eu podia morrer! Varda Anselmo, mais pra frente acho que tem cobra ainda, vamos botar sentido!
E eu: Acho que não tem mais não.
Logo depois apareceu outra cobra, nós matamos, e outra e outra. Fizemos um monte e tacamos fogo, assim não vinha gavião, nem outro animal pra pegar.
Às vezes também apareciam em cima das bezerras aquelas cabas, maribondos grandes que a picada apertava a goela da gente. Eu sei, porque muitas vezes fui picado e meu pai me socorria: Beba água, beba água! - Depois ele tirava o sarro de fumo do cachimbo e colocava aquela roda de fumo bem em cima da picada, assim parava de doer e ficava... ficava... até que ficava bom da goela. Ficava bom mesmo!
Também apareciam lagartas com pele de espinhos que a picada dava até febre! Meu pai matava a lagarta, cortava, tirava suas tripas e passava em cima da picada, assim também fazia com picadas de aranha, e todo bicho que aparecia. E todo dia acontecia de bicho picar alguém e meu pai fazia assim.... Eu aprendi isso com ele.