Uma homenagem ao meu avô Anselmo

Meu nonno

11/05/2011 00:01
O nonno (Domingos Favarato) e a nonna (Luiza Fistola) eram pobres lá na Itália. Minha nona trabalhava de empregada numa pensão, ela contava que a velha dona da pensão a mandava pro tanque fazer faxina e de repente dizia:
 
    “Varda o que eu achei, um cordão!” E mostrava pra ela.
 
Mentira que era a própria velha que colocava o cordão ali e fingia que achava pra testar a honestidade da minha nona, ás vezes colocava até dinheiro pra ver se ela ia roubar, mas minha nona percebia tudo.
 
Até o dia que a velha viu que ela era mesmo muito séria: “Essa mulher é muito boa, sabe que eu vou fazer uma cesta bonita pra ela.”
 
Fez uma cesta cheia de comidas e deu pra nona. A velha dona da pensão gostava muito dela e sempre dava a cesta de comidas que ajudava a criar os dez filhos pequenos. E eles sobreviviam até o dia que resolveram vir para o Brasil.
 
O governo ofereceu a passagem de graça para quem quisesse trabalhar no Brasil. Vieram sem nada, era só a roupa e os dez filhos pequenos, sete meninos e três meninas: a Carlota, a Regina e uma outra. (Não consegui descobrir o nome da 3ª filha)
 
Mas, dois irmãos ao chegarem aqui, se assustaram com o Brasil, pois era muita mata, tinha onça pintada que vinha na porta da casa. A mula amarrada na estaca se espantava quando via onça passar, tinham que tirar a mula daquela estaca e colocar em outra estaca porque ali ela não ficava mais. E como poderiam matar onças? Para matar só com bala, mas na época não se tinha.
 
Os dois irmãos se assustaram com aquilo tudo. “Mi va via” disseram, e foram embora para a América do Norte. O nonno disse que aqui ficaria porque o Brasil era o lugar onde criaria raízes, onde nasceriam seus netos e tataranetos. Assim ficaram com os oito filhos.
 
Mas a nona ficou doente, sentia muita falta de ar, não conseguia mais respirar, não podia ficar deitada e passava noites e noites sentada. Não tinha médico e morreu. E meu avô passou sua vida inteira com o meu pai Eugênio Favarato, morando junto com a nossa família.
 
Ele trabalhava tanto, tanto... que dia de domingo saía em Acioli, comprava uma garrafa de vinho e um pouco de chocolate, chegava em casa piên (bêbado) e dizia: “ Mi vá panhar café.” - O café ficava bem perto da casa.
 
Meu pai assustado: “O que ?? apanhar café ?”
 
Respondia: “Vou fazer o seguinte: vou apanhar café, depois, quando encher o saca de café, você vai lá buscar.” – Afinal ele não agüentava o peso.
 
Pensa bem! Mesmo tchoco ele ia apanhar café!
O nonno (Domingos Favarato) e a nonna (Luiza Fistola) eram pobres lá na Itália. Minha nona trabalhava de empregada numa pensão, ela contava que a velha dona da pensão a mandava pro tanque fazer faxina e de repente dizia:
 
“Varda o que eu achei, um cordão!” E mostrava pra ela.
 
Mentira que era a própria velha que colocava o cordão ali e fingia que achava pra testar a honestidade da minha nona, ás vezes colocava até dinheiro pra ver se ela ia roubar, mas minha nona percebia tudo.
 
Até o dia que a velha viu que ela era mesmo muito séria: “Essa mulher é muito boa, sabe que eu vou fazer uma cesta bonita pra ela.”
 
Fez uma cesta cheia de comidas e deu pra nona. A velha dona da pensão gostava muito dela e sempre dava a cesta de comidas que ajudava a criar os dez filhos pequenos. E eles sobreviviam até o dia que resolveram vir para o Brasil.
 
O governo ofereceu a passagem de graça para quem quisesse trabalhar no Brasil. Vieram sem nada, era só a roupa e os dez filhos pequenos, sete meninos e três meninas: a Carlota, a Regina e uma outra. (Não consegui descobrir o nome da 3ª filha)
 
Mas, dois irmãos ao chegarem aqui, se assustaram com o Brasil, pois era muita mata, tinha onça pintada que vinha na porta da casa. A mula amarrada na estaca se espantava quando via onça passar, tinham que tirar a mula daquela estaca e colocar em outra estaca porque ali ela não ficava mais. E como poderiam matar onças? Para matar só com bala, mas na época não se tinha.
 
Os dois irmãos se assustaram com aquilo tudo. “Mi va via” disseram, e foram embora para a América do Norte. O nonno disse que aqui ficaria porque o Brasil era o lugar onde criaria raízes, onde nasceriam seus netos e tataranetos. Assim ficaram com os oito filhos.
 
Mas a nona ficou doente, sentia muita falta de ar, não conseguia mais respirar, não podia ficar deitada e passava noites e noites sentada. Não tinha médico e morreu. E meu avô passou sua vida inteira com o meu pai Eugênio Favarato, morando junto com a nossa família.
 
Ele trabalhava tanto, tanto... que dia de domingo saía em Acioli, comprava uma garrafa de vinho e um pouco de chocolate, chegava em casa piên (bêbado) e dizia: “ Mi vá panhar café.” - O café ficava bem perto da casa.
 
Meu pai assustado: “O que?? panhar café ?”
 
Respondia: “Vou fazer o seguinte: vou panhar café, depois, quando encher o saca de café, você vai lá buscar.” – Afinal ele não agüentava o peso.
 
Pensa bem! Mesmo tchoco ele ia panhar café!
 
Eugênio Favarato