Uma homenagem ao meu avô Anselmo

Minha mãe queria ir para a roça

14/05/2011 00:01
Meu pai trabalhava na roça e minha mãe ficava em casa, mas ela queria ir trabalhar na roça também, mesmo com o filho pequeno.
 
Gênio, quero ir com vocês trabalhar no café, vou fazer o monte pra você peneirar.
 
Meu pai não queria: Você não vai não, Cesira! Fica em casa pois você tem mais serviço do que eu, tem os porcos pra dar de comer, tem as galinhas pra dar de comer, tem a vaca que você faz uns queijinhos também, e de noite enquanto eu estou roncando você tem que dar de mamar para o Afonso a noite inteira. Você ainda quer trabalhar na roça? Não vai não!
 
Mas ela insistiu: Ah, eu vou um pouco só.
 
E ele acabou concordando: Bom, você quer ir então vai, se não quer, não vai não pelo amor de Deus!
 
Aí ela foi, pegou o Afonso, arrumou a peneira com um saco e colocou o menino na peneira. O Afonso era menino pequeno mas esperto, e ficou dormindo dentro da peneira debaixo do pé de café. Vai que vieram aquelas formigas guaiú, daquelas pretas, como nuvem de marimbondos em cima do menino, e mordeu ele todinho... coitado! Deu até febre!
 
Meu pai logo falou: Pelo amor de Deus, va via! Eu não disse pra você que não era pra vir!
 
Depois desse dia minha mãe nunca mais voltou a trabalhar na roça.

Meu pai trabalhava na roça e minha mãe ficava em casa, mas ela queria ir trabalhar na roça também, mesmo com o filho pequeno.

Gênio, quero ir com vocês trabalhar no café, vou fazer o monte pra você peneirar.

Meu pai não queria: Você não vai não, Cesira! Fica em casa pois você tem mais serviço do que eu, tem os porcos pra dar de comer, tem as galinhas pra dar de comer, tem a vaca que você faz uns queijinhos também, e de noite enquanto eu estou roncando você tem que dar de mamar para o Afonso a noite inteira. Você ainda quer trabalhar na roça? Não vai não!

Mas ela insistiu: Ah, eu vou um pouco só.

E ele acabou concordando: Bom, você quer ir então vai, se não quer, não vai não pelo amor de Deus!

Aí ela foi, pegou o Afonso, arrumou a peneira com um saco e colocou o menino na peneira. O Afonso era menino pequeno mas esperto, e ficou dormindo dentro da peneira debaixo do pé de café. Vai que vieram aquelas formigas guaiú, daquelas pretas, como nuvem de marimbondos em cima do menino, e mordeu ele todinho... coitado! Deu até febre!

Meu pai logo falou: Pelo amor de Deus, va via! Eu não disse pra você que não era pra vir!

Depois desse dia minha mãe nunca mais voltou a trabalhar na roça.