Uma homenagem ao meu avô Anselmo

Arquivo de Artigos

01/05/2011 00:00

Domênico Favarato

Domênico (também chamado de Domingos) nasceu em 1842, nesta pequena cidade da foto, a comuna de Casier à margem do Rio Sile, no coração da província de Treviso, região de Vêneto na Itália.   Maria Luigia e Domênico Casou-se em 1865 com Maria Luigia Biscaro e, tiveram dez filhos, sete...
02/05/2011 00:00

A Itália no século XIX

A história começa desde o início do século XIX quando ocorreram grandes modificações políticas e econômicas na Europa. Após as guerras napoleônicas a Itália viu-se dividida em oito estados soberanos. Era um povo que vivia à sombra da religião, ligado a costumes ancestrais, com privação de tudo. O...
03/05/2011 00:00

O Brasil no século XIX

Aqui no Brasil crescia a luta para acabar com a escravidão. Em 1850 foi proibido o tráfico negreiro e a mão-de-obra escrava começou a escassear, e ao mesmo tempo o café atingia seu auge de produção. Em 1878, 10 anos antes da abolição da escravatura, os cafeicultores pressionavam o governo a fim de...
04/05/2011 00:00

A viagem para o Brasil

Na Itália, milhares de famílias venderam ou abandonaram suas casas, e carregando apenas seus pertences em sacos e caixas improvisadas (a maioria nem tinham malas), embarcavam nos trens, carroças e até mesmo a pé, se deslocando até os portos para embarque: Nápoles ou Gênova. Eram embarcados na...
05/05/2011 20:39

Chegando em Acioli - Espirito Santo

A Família Favarato chegou em Santa Cruz no dia 10 de dezembro de 1891, e enfrentaram muitas dificuldades para chegar até a fazenda Pau Gigante em Acioli, município de João Neiva. Todos os imigrantes que chegaram no Espírito Santo nessa época, encontraram uma total falta de infra-estrutura e...
06/05/2011 00:00

A pequena Cesira

Meu bisavô Eugênio Favarato casou-se com Cesira Palazzi, filha de Enrico Palazzi e Antonia Neri. Na verdade o nome de batizado do seu pai também era Domenico (Domenico Enrico Pulcilmo Isaja Palazzi), mas no Brasil foi “abrasileirado” e virou apenas Enrico, e ainda alteraram o “zz” do...
07/05/2011 00:00

Palazzi e Favarato

Quando Domênico já estava velho e doente, dividiu suas terras e deu as partes para os filhos, então seu filho Eugênio abriu uma venda em sociedade com um dos irmãos de sua esposa Cesira – o Francisco. Sempre foi um tio muito lembrado pelo meu avô, pois, além de ser sócio de seu pai, casou-se com...
08/05/2011 00:00

Giovanni Ceccato e Marieta

Giovanni Pietro Ceccato, pai da minha avó Olga, tem uma história ainda mais bonita! Nasceu na comuna de Seren del Grappa, província de Belluno na região do Vêneto. Veio da Itália no navio Pará em 1890, ainda menino, com apenas 11 anos, junto com seus pais Giacomo e Maria Recla e seus dois irmãos:...
09/05/2011 00:00

Nossa Senhora do Caravaggio

Essa história começa ainda na Itália, quando Maria Recla - mãe de Giovanni (meu biso) - recebe de um frade italiano um quadro de Nossa Senhora do Caravaggio para que propagasse o nome da Santa. A família trouxe o quadro para o Brasil e um ano depois, após desbravar matas e plantar as primeiras...
10/05/2011 00:00

Memorando de Giovanni transcrito do original

1890 – Anno em que chegamos ao Brasil, Santa Terra, como imigrantes, fixando residência em Bocayuva, ou Conde Deu, hoje Vila de Pau Gigante. 1891 – Anno seguinte transferimo-nos para a colônia, lugar denominado Rio Pau Gigante, onde iríamos desbravar matas e formar lavouras de café. Nesta época...
11/05/2011 00:01

Meu nonno

O nonno (Domingos Favarato) e a nonna (Luiza Fistola) eram pobres lá na Itália. Minha nona trabalhava de empregada numa pensão, ela contava que a velha dona da pensão a mandava pro tanque fazer faxina e de repente dizia:       “Varda o que eu achei, um cordão!” E mostrava pra...
12/05/2011 00:01

Minha mãe

Minha mãe (Cezira Palassi) veio para o Brasil junto com o nonno, a nona e mais 10 irmãos. Vieram por conta do governo, tudo de graça. Me lembro dos meus tios Aldo, Henrique, Luiza, Ana Maria e principalmente do meu tio Francisco, pois este casou com a irmã do meu pai. A minha tia era tia duas...
12/05/2011 01:01

O sobrado

Primeiro meu pai morou na casa de estuque lá no Treviso, depois na casa mais antiga que ficava na parte baixa perto do rio, onde também construiu a venda com o Tio Palazzi. O sobrado Já tinham nascido o Afonso, que tomava conta da venda, o Ernesto, eu e o Otávio. Só depois construiu o sobrado na...
13/05/2011 00:01

Usei vestido e sapato de mulher

Acho que eu tinha uns 9 ou 10 anos e meu pai comprou um riscado escuro e disse: “É para fazer vestido para as crianças”. Vê só, eu ainda não usava calças e sim vestidos! Acho que eu tinha uns 9 ou 10 anos e meu pai comprou um riscado escuro e disse: “É para fazer vestido pras...
14/05/2011 00:01

Minha mãe queria ir para a roça

Meu pai trabalhava na roça e minha mãe ficava em casa, mas ela queria ir trabalhar na roça também, mesmo com o filho pequeno.   Gênio, quero ir com vocês trabalhar no café, vou fazer o monte pra você peneirar.   Meu pai não queria: Você não vai não, Cesira! Fica em casa pois...
15/05/2011 00:01

Cachimbo italiano

Meu pai tinha um cachimbo italiano com um canudo comprido que vinha bem embaixo onde tinha uma arruelazinha para colocar o sarro de fumo. Um dia estávamos trabalhando no cafezal roçando assim por cima - porque meu pai plantava mandioca no meio do café - e eu vi uma cobra atravessada em cima do...
16/05/2011 00:01

Outro dia na roça

Pra capinar o cafezal, era eu, meu pai e tinha um camarada que se chamava Antônio, era um mineiro que trabalhava pra danar!   Meu pai dizia: Antônio, vamos colocar o Anselmo no meio da carreira do café e você dá uma arrancada mais na frente, eu fico aqui e vamos subindo junto até lá em...
19/05/2011 00:00

Tudo moça solteira!

O César trabalhava conosco plantando milho, era ele quem cavava e os outros iam colocando o milho. Um dia meu pai disse: César, eu precisava fazer lingüiça amanhã, você vai lá no velho Bisi e fala com ele que eu vou matar um porco, pra ele me emprestar a máquina para fazer lingüiça. Lá...
19/05/2011 00:00

Eu não sabia fazer conta de dividir

Na escola, eu copiava os problemas dos outros. Ah, as contas de dividir... não sabia resolver, era difícil! O Cezar Bisi era meu amigo e era quem sabia fazer conta, então ele me disse: Anselmo, você me dá a merenda sua que eu te pago fazendo seu dever das contas.  E assim era feito, eu...
19/05/2011 00:01

Eu não sabia fazer conta de dividir

Na escola, eu copiava os problemas dos outros. Ah, as contas de dividir... não sabia resolver, era difícil! O Cezar Bisi era meu amigo e era quem sabia fazer conta, então ele me disse: Anselmo, você me dá a merenda sua que eu te pago fazendo seu dever das contas.   E assim era feito, eu...
20/05/2011 00:00

Uma surra daquelas!

Na escola, o professor pediu: “Cada um de vocês, vê se trazem uma régua bonita de 1 metro”. Assim ele sempre tinha uma vara. Aí aconteceu um dia que um menino começou a cochichar na aula, e ele logo deu uma varada nele que o sangue veio saindo. Mas deu tanta raiva do professor e daquela vara que,...
20/05/2011 00:01

Pela linha do trem

Quando a gente ia no Treviso, onde meu pai tinha terra, íamos pela linha do trem. Eu até falava para irmos pelo lado de cima, mas o César Morasuti não ia, assim íamos sempre pelos trilhos mesmo.   As vezes eu ficava na frente, bem longe dele e ouvia o barulho do apito da máquina :...
20/05/2011 00:01

Uma surra daquelas!

Aí aconteceu um dia que um menino começou a cochichar na aula, e ele logo deu uma varada nele que o sangue veio saindo. Mas deu tanta raiva do professor e daquela vara que, quando o professor saiu, um de nós pegou a vara e disse: Essa vara não vale mais nada, vamos jogar fora!   E jogou...
21/05/2011 00:01

Na pensão com meu pai

Meu pai quando dava dor de dente, sabe o que ele fazia?   Dizia: “Esse dente aqui... precisava dar um jeito de melhorar ele!”   Balançava, balançava o dente até arrancá-lo, depois colocava no fogo.   Certa vez fui com ele pra Vitória e ficamos numa pensão. Meu pai...
22/05/2011 00:00

O baile era mais importante

Naquele tempo poucas vezes se beijava a namorada, era difícil mesmo! Era sinal de respeito, mas tive uma namorada que eu não entendi. Ela gostava de mim. Eu já tinha ido duas vezes à casa dela quando teve um baile e o seu pai a levou. Estávamos no baile e ela chegou na minha beira e falou...
24/05/2011 00:00

Só queria tocar nos bailes

Naquele tempo poucas vezes se beijava a namorada, era difícil mesmo! Era sinal de respeito, mas tive uma namorada que eu não entendi. Ela gostava de mim. Eu já tinha ido duas vezes à casa dela quando teve um baile e o seu pai a levou. Eu gostava de tocar concertina nos bailes e ela sabia. Estávamos...
25/05/2011 00:00

Cadê meu chapéu!

Uma vez, teve um baile lá na Baixa Grande, no Gregório Tranqüilo. Ele também tocava um pouco, mas era sem vergonha pra danar! Gostava de aprontar! E ele me falou: Anselmo, sabe o que vou fazer ? Você está vendo esse monte de chapéu ! É de quem está lá dançando no baile. Vou apanhar todos eles, vou...
27/05/2011 00:00

Namorando a Olga

Eu, o Otávio e o Pandolfi fomos a pé lá no Ceccato. Nós ficamos lá conversando, tomando café e eu já namorava a Olga. Até que eles queriam embora, e a Olga me disse: Não vai embora não, Anselmo, fica mais, depois você vai embora sozinho. Eu quis ficar mais com a Olga: Então tá, depois eu vou...
27/05/2011 00:01

Segura o toque, Luiz!

O Luiz também tocava a minha concertina e ia comigo nos bailes. Ele me falava assim:   “Anselmo, eu fui convidado pra tocar em um baile de casamento, mas eu falei pra ele que eu não tenho concertina e que iria convidar você que tem a concertina. Disse que iríamos juntos! Eu gosto quando...
28/05/2011 00:00

No dia do meu casamento

No dia do meu casamento ainda não tinha água lá em casa e uns dias antes meu pai disse: César Morassuti, vai casar meu filho Anselmo, mas aqui não tem água, então você pega o bigol* com as duas latas e vai buscar água no rio. Vá direto, dia e noite sem parar por três dias. E sabe o que ele fez? Foi...
29/05/2011 00:00

Nasceram meus meninos

Eu e meu pai trabalhávamos na roça, o Afonso e o Ernesto ficavam na venda, e o Otávio cuidava da tropa de burros, das montarias, arreios, cabrestos, de tudo. Agora para caçar animal e amansar era eu mais o Otávio junto. Um dia o Otávio disse: Eu vou com a tropa buscar café, mas você,...
30/06/2011 00:00

A história das cabritas

Uma vez um camarada me disse: Seu Anselmo, você quer comprar uma cabrita? Eu arranjo uma cabrita bonita pra você. Então fomos ver a cabrita. Lá chegando ele pegou a cabrita no laço e levou pra mim. - É, tá bom! Quanto você quer? - 50 cruzeiros. - Então eu vou comprar, toma aqui seu...
08/07/2015 00:00

E assim a família cresceu

Meu avô Anselmo nasceu em 7 de Setembro de 1910, apesar das dúvidas sobre a data correta, porque em seu registro consta o mesmo ano de seu irmão mais novo, o Otávio. Isso não seria possível, afinal eles não eram gêmeos! Casou-se com Olga e tiveram tres filhos. Minha...
09/07/2017 00:00

Anos depois...

Anos depois as reuniões da família passaram a ser na casa da Lagoa do Limão, um lugar muito legal onde fizemos muitas comemorações de aniversários, muitos natais e carnavais.  Os(as) bisnetos(as) estão crescendo e uma nova geração com novas famílilas virão. É vida que segue! Família reunida...